General Ítalo Avena, durante entrevista ao programa Direto de Brasília, em 19/03/2019
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Competitividade nas rodovias
General Avena, que comandou as obras da BR 101 NE, destaca vantagens do pavimento de concreto
O pavimento de concreto foi destaque em uma entrevista concedida pelo general de Exército Ítalo Fortes Avena, no dia 19/03/2019, ao programa Direto de Brasília. Engenheiro por formação, o general Avena foi chefe do Departamento de Engenharia do Exército Brasileiro e comandou os Batalhões de Engenharia de Construção (BEC) nas obras de muitas estradas brasileiras, entre elas o trecho nordestino da BR 101, a partir da qual tornou-se um entusiasta do pavimento rígido.
“Podemos comparar a eficácia do pavimento de concreto em relação ao pavimento de asfalto”, disse o general Avena no início da entrevista (9:35), ao ser perguntado sobre as opções tecnológicas para a pavimentação de rodovias.
Mais à frente, respondendo ao jornalista, acrescentou:
“Eu sou a favor do concreto, sem dúvida nenhuma. Na época em que comecei a trabalhar (anos 70), o concreto custava o dobro do asfalto, enquanto sua manutenção era mais barata. Só quando a estrada de concreto chegava aos quinze anos de vida ela se tornava mais barata. Mas hoje isso mudou. O custo inicial é praticamente o mesmo e a durabilidade do concreto é muito maior. O concreto que fizemos na BR 101 iniciava com 10 centímetros de concreto (base) mais 22 centímetros de concreto armado, em placas. Uma estrada dessas vai durar muito tempo, se bem-feita logicamente. E nós compramos uma máquina na Alemanha que fazia tudo. Jogávamos o material nela e ela ia fazendo (22:53).”
Veja a entrevista completa no Programa Direto de Brasília pelo Youtube
Parceria EB-ABCP
O apoio técnico da ABCP à construção de estradas pelo Exército Brasileiro (EB) começou a tomar corpo em 2006. Naquele ano, o EB solicitou os serviços técnicos da Associação para a duplicação, em pavimento de concreto, da BR 101 nos Estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. A rodovia vai do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte e o Corredor Nordeste tinha 386 quilômetros de extensão.
O contrato envolveu consultoria técnica, laboratorial e fornecimento de equipamentos por parte da ABCP, além de treinamento dos soldados que participariam da construção da rodovia. A obra foi divida em oito lotes, cabendo ao Exército a construção de três deles (cerca de 143 km). Para executar a obra, o EB adquiriu um conjunto de pavimentação de última geração, com todos os acessórios necessários para garantir qualidade e conforto de rolamento.
O ano de 2008 marcou a consolidação do pavimento de concreto como solução técnica. Manteve-se com o EB o termo de cooperação técnica para treinamento e transferência de tecnologia, o que incluiu o fornecimento de vibroacabadoras de fôrmas deslizantes e de usinas dosadoras e misturadoras de concreto. Com outro trecho de 600 km em fase de projeto de duplicação, o pavimento de concreto totalizava cerca de 1.000 km de pavimentação, um marco na história da pavimentação rígida no Brasil.
A ABCP teve participação importante também junto ao Centro de Excelência em Engenharia de Transportes (Centran), órgão fruto do convênio realizado entre o Ministério da Defesa e o Ministério dos Transportes, destacando-se as seguintes ações: elaboração de propostas para atualização profunda do Sistema de Custos Rodoviários (Sicro), que seriam implementadas pelo DNIT, e consolidação e ampliação do módulo de ensino a distância (EAD) relacionado à execução e controle tecnológico de pavimentos de concreto, entre outras ações.
Vitrine para o Brasil
A obra da duplicação da BR 101 NE foi importante ainda para a difusão do pavimento de concreto no Brasil. Ela recebeu a visita de diversas autoridades técnicas e governamentais, entre elas o próprio presidente Luís Inácio Lula da Silva, em 2007. Com apoio da ABCP, a BR 101 NE recebeu a visita de mais de 90 profissionais dos setores público e privado durante a realização do 13º Encontro Nacional de Conservação Rodoviária (Enacor), em Recife, e ao longo dos anos inúmeros engenheiros de construtoras que atuariam em obras de pavimento de concreto em outros estados brasileiros, sempre com o suporte dos Escritórios Regionais da Associação.
Com sua transferência para a reserva, o general Ítalo Avena deixou a Chefia do Departamento de Engenharia do Exército Brasileiro em junho de 2011. Mas foi imediatamente convidado a ser consultor militar da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York.